quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Mudando a Educação com metodologias ativas - José Moran



MORAN, José. Mudando a Educação com metodologias ativas
Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II] Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.). PG: Foca Foto-PROEX/UEPG, 2015


 Roseli Silva Minzon


Neste texto apresentará uma resenha crítica sobre o artigo Mudando a Educação com metodologia ativas de José Moran, para o autor há dois caminhos que a educação pode percorrer, um mais suave - mudanças progressivas - e outro mais amplo, com mudanças profundas.  Segundo Morán (2015, p.15), no caminho mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante – disciplinar – mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas como o ensino por projetos de forma mais interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended e a sala de aula invertida, porém há outras instituições mais corajosas que propõem modelos mais inovadores, disruptivos, sem disciplinas, que redesenham o projeto, os espaços físicos, as metodologias, baseadas em atividades, desafios, problemas, jogos e onde cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e também aprende com os outros em grupos e projetos, com supervisão de professores orientadores. (MORÁN, P.15)
Logo de início percebe-se pelo artigo que a mudança tem que ser feita, não importa se de maneira mais suave ou separativa, mas do jeito ao qual a educação se encontra não poderá ficar, pois não mostra caminhos para a real aprendizagem do estudante, por isso que Morán (2015, p. 2) menciona que os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos.

A escola estandardizada, que avalia diferentes de forma igual e requer resultados previsíveis, ignora a sociedade ao redor que baseia-se em competências cognitivas, pessoas e sociais, que vai muito além das paredes de uma sala de aula. Não pode-se desconsiderar o fácil acesso as diversas informações que os estudantes tem com a era tecnológica, manter somente modelos tracionais em pleno século XXI não levaria a aprendizagem, precisa-se fazer um ordenado de diversas metodologias com objetivos, atividades complexas onde estudantes e professores avaliam e (re)avaliam resultados.
Para isso Morán (2015, p. 18) argumenta que exige pesquisar, avaliar situações, pontos de vista diferentes, fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela descoberta, caminhar do simples para o complexo. Os estudantes precisam aprender a caminhar com suas próprias “pernas”, sendo guiados e não levados pelos professores, e os professores precisam aprender a deixar o estudante caminhar sozinho, rumo ao conhecimento que buscam. Neste quesito que entra em ação as metodologias ativas que são pontos de partida para avançar para processos mais evoluídos de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas.

Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da aprendizagem: a criação de desafios, atividades, jogos que realmente trazem as competências necessárias para cada etapa, que solicitam informações pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes, que combinam percursos pessoais com participação significativa em grupos, que se inserem em plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas. (MORÁN, 2015)

Precisa-se saber usar todos os recursos ao qual tem-se para que aconteça o aprendizado, pode ser os recursos mais simples ou mais complexos, mas deve-se valorizar não somente o que se aprende mas a forma como se aprende, isso é fundamental para que se atinja futuros objetivos e competências. Aprender ativamente, com situações problemas, situações reais, projetos, atividades em grupos e individuais, mas para isso Morán (2015, p.19) diz ser necessário uma mudança de configuração do currículo, da participação dos professores, da organização das atividades didáticas, da organização dos espaços e tempos.

As salas de aula podem ser mais multifuncionais, que combinem facilmente atividades de grupo, de plenário e individuais. Os ambientes precisam estar conectados em redes sem fio, para uso de tecnologias móveis, o que implica ter uma banda larga que suporte conexões simultâneas necessárias (MORÁN, 2015).

Sabe da real dificuldade em trabalhar com tecnologia em uma instituição que muitas vezes não tem dinheiro nem para a merenda, onde é essencial para o desenvolvimento dos estudantes. Mas acredita-se que é na adversidade que incentivamos a criatividade, isso não quer dizer que será fácil, mas que pelo pouco que as escolas possuem pode-se tentar com o que tem e lutar para conquistar o que realmente precisa para um mínimo de metodologia ativa, para se dar continuidade ao processo desta didática.
Não pode-se ver só as impossibilidades que são muitas e que existe e atrapalha as mudanças, não deve-se acomodar no modelo tradicional e fazer mínimos ajustes é necessário mesmo que aos poucos mudanças profundas, aluno ativo e não passivo, envolvimento profundo e não burocrático, professor orientador e não transmissor, segue abaixo um exemplo de Morán:

“Ao tirar a divisão por disciplinas, orientamos todas as competências necessárias através de projetos semestrais temáticos. O aluno escolhe um problema real de sua comunidade ou região para trabalhar os temas daquele período.” As aulas expositivas também foram abolidas. Agora, os alunos estudam os conteúdos em casa, ou onde preferirem. São disponibilizados em uma plataforma on-line vídeos, textos e um conjunto de atividades às quais os estudantes devem se dedicar antes de ir para a aula. (MORÁN, 2015)

Os professorem podem começar por organizar um projeto importante com os estudantes e irem envolvendo outras disciplinas, que utilize de pesquisa, entrevistas, jogos, gincanas etc. Não precisa romper o modelo tradicional da noite para o dia, a mudança ocorrerá ao poucos e mesmo que os professores tenham medo, a mudança será inevitável a demanda que se tem.

Um dos modelos mais interessantes de ensinar hoje é o de concentrar no ambiente virtual o que é informação básica e deixar para a sala de aula as atividades mais criativas e supervisionadas. É o que se chama de aula invertida. A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais, jogos, com a aula invertida é muito importante para que os alunos aprendam fazendo (...) Podem inverter o modelo tradicional de aula, com os alunos acessando os vídeos e materiais básicos antes, estudando-os, dando feedback para os professores (com enquetes, pequenas avaliações rápidas, corrigidas automaticamente). Com os resultados, os professores planejam quais são os pontos mais importantes para trabalhar com todos ou só com alguns; que atividades podem ser feitas em grupo, em ritmos diferentes e as que podem ser feitas individualmente.  (MORÁN, 2015)


Admite-se tentar fazer essas inovações, afinal sabe-se que o estudante do século XXI está sempre conectado, porque não então aproveitar para que em alguns momentos ele utilize o virtual para aprender, aprofundar-se sobre algum assunto, não precisa ser uma cobrança “violenta” por parte do professor, tem que ser algo que se cative aos poucos. Outra questão será aqueles que não tem condição nenhuma de ter acesso a internet fora da escola, poderia se fosse possível ter alguns horários vagos dentro das salas de tecnologia para que ele possa ir fazer suas atividades, uma vez por semana.
Segundo Morán (2015, p.25), as boas escolas sempre se preocuparam em dialogar com o seu entorno, em fazer visitas, atividades, projetos.  O que as tecnologias em rede nos permitem é não só trazer o bairro e a cidade, mas também o mundo inteiro, em tempo real, com suas múltiplas ideias, pessoas e acontecimentos numa troca intensa, rica e ininterrupta.
Por isso a educação não necessita seguir um único modelo, deve se ter um currículo flexível, aberto a mudanças e inovações sempre que se faça necessário e que haja a aprendizagem dos estudantes, uma única forma de “ensinar”, dificulta, atrapalha a todos, pelas vastas metodologias que existem, tem que desafiar o estudante e se desafiar, com projetos e problemas reais que tenham significados
Na educação formal uns projetos pedagógicos dão mais ênfase à aprendizagem colaborativa, enquanto outros à aprendizagem individualizada. Ambos são importantes e precisam ser integrados para dar conta da complexidade de aprender na nossa sociedade cada vez mais dinâmica e incerta (...) Aprendemos com os demais e aprendemos sozinhos. (MORÁN, 2015)

Não há um único modelo a seguir, nem um modelo melhor que o outro, há diferentes maneiras para se aprender e a educação se destaca quando consegue unir diferentes formas que culmina no conhecimento e participação de todos no processo de aprendizagem

Sozinhos vamos até um certo ponto; juntos, também. Essa interconexão entre a aprendizagem pessoal e a colaborativa, num movimento contínuo e ritmado, nos ajuda a avançar muito além do que o faríamos sozinhos ou só em grupo. Os projetos pedagógicos inovadores conciliam, na organização curricular, espaços, tempos e projetos que equilibram a comunicação pessoal e a colaborativa, presencial e online. (MORÁN, 2015)

Já há um número significativo de professores que estão vencendo o  medo e inovando em suas práticas, experimentando novas metodologias sem medo de errar, esse é o caminho tentar inovar com novas propostas, misturando propostas tradicionais com as contemporâneas, utilizando o ambiente virtual, utilizando materiais simples que hoje são ignorados por muito (cartolinas, pincéis atômicos, flipchart, papel manilha), tudo é válido para a aprendizagem, só não se pode fechar caixinhas (disciplinas) e esquecer de todo o entorno social, político.
Mas para Morán (2015, p. 28) ainda há a primordialidade de capacitar coordenadores, professores e alunos para trabalhar mais com metodologias ativas, com currículos mais flexíveis, com inversão de processos (primeiro, atividades online e, depois, atividades em sala de aula). Precisa-se avançar muito ainda em relação aos objetivos propostos.
É difícil ter a visão estratégica de muitos gestores, pois é preciso planejar mudanças profundas e isso envolve repensar a educação de uma forma integrada, mais flexível, menos burocrática. A qualidade não pode ser só um discurso, mas um compromisso efetivo de todos os setores das instituições 29
Compreende-se que, no Brasil, tem inúmeras deficiências históricas, estruturais, mas os desafios existem para serem superados e para isso algo precisa ser feito, revisto, há a necessidade de se atualizar constantemente no ambiente ao qual se encontra e para isso a mudança é fundamental, busca-se uma educação de qualidade, mas antes de estudantes que de fato aprendem, conhecem o mundo a sua volta, precisamos de professores capacitados, escolas remodeladas, sistemas flexíveis, é um trabalho em grupo mas que nada impende que um possa começar a traçar caminhos para que isso aconteça.


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