MORAN,
José. Mudando a Educação com
metodologias ativas
Coleção Mídias Contemporâneas.
Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II]
Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.). PG: Foca Foto-PROEX/UEPG,
2015
Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf
acesso 27/06/2017
Roseli Silva Minzon
Neste texto apresentará uma
resenha crítica sobre o artigo Mudando a Educação com metodologia ativas de
José Moran, para o autor há dois caminhos que a educação pode percorrer, um
mais suave - mudanças progressivas - e outro mais amplo, com mudanças
profundas. Segundo Morán (2015, p.15), no
caminho mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante – disciplinar
– mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas como o
ensino por projetos de forma mais interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended
e a sala de aula invertida, porém há outras instituições mais corajosas que
propõem modelos mais inovadores, disruptivos, sem disciplinas, que redesenham o
projeto, os espaços físicos, as metodologias, baseadas em atividades, desafios,
problemas, jogos e onde cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e
também aprende com os outros em grupos e projetos, com supervisão de
professores orientadores. (MORÁN, P.15)
Logo de início percebe-se
pelo artigo que a mudança tem que ser feita, não importa se de maneira mais suave
ou separativa, mas do jeito ao qual a educação se encontra não poderá ficar,
pois não mostra caminhos para a real aprendizagem do estudante, por isso que
Morán (2015, p. 2) menciona que os processos de
organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser
revistos.
A escola estandardizada, que
avalia diferentes de forma igual e requer resultados previsíveis, ignora a
sociedade ao redor que baseia-se em competências cognitivas, pessoas e sociais,
que vai muito além das paredes de uma sala de aula. Não pode-se desconsiderar o
fácil acesso as diversas informações que os estudantes tem com a era
tecnológica, manter somente modelos tracionais em pleno século XXI não levaria
a aprendizagem, precisa-se fazer um ordenado de diversas metodologias com
objetivos, atividades complexas onde estudantes e professores avaliam e
(re)avaliam resultados.
Para isso Morán (2015, p.
18) argumenta que exige pesquisar, avaliar situações, pontos de vista
diferentes, fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela descoberta,
caminhar do simples para o complexo. Os estudantes precisam aprender a caminhar
com suas próprias “pernas”, sendo guiados e não levados pelos professores, e os
professores precisam aprender a deixar o estudante caminhar sozinho, rumo ao
conhecimento que buscam. Neste quesito que entra em ação as metodologias ativas
que são pontos de partida para avançar para processos mais evoluídos de
reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas
práticas.
Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da
aprendizagem: a criação de desafios, atividades, jogos que realmente trazem as
competências necessárias para cada etapa, que solicitam informações
pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes, que combinam percursos
pessoais com participação significativa em grupos, que se inserem em
plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo aprendem
com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas. (MORÁN, 2015)
Precisa-se saber usar todos
os recursos ao qual tem-se para que aconteça o aprendizado, pode ser os
recursos mais simples ou mais complexos, mas deve-se valorizar não somente o
que se aprende mas a forma como se aprende, isso é fundamental para que se
atinja futuros objetivos e competências. Aprender ativamente, com situações
problemas, situações reais, projetos, atividades em grupos e individuais, mas
para isso Morán (2015, p.19) diz ser necessário uma mudança de configuração do
currículo, da participação dos professores, da organização das atividades
didáticas, da organização dos espaços e tempos.
As salas de aula podem ser mais multifuncionais, que
combinem facilmente atividades de grupo, de plenário e individuais. Os
ambientes precisam estar conectados em redes sem fio, para uso de tecnologias
móveis, o que implica ter uma banda larga que suporte conexões simultâneas
necessárias (MORÁN, 2015).
Sabe da real dificuldade em
trabalhar com tecnologia em uma instituição que muitas vezes não tem dinheiro
nem para a merenda, onde é essencial para o desenvolvimento dos estudantes. Mas
acredita-se que é na adversidade que incentivamos a criatividade, isso não quer
dizer que será fácil, mas que pelo pouco que as escolas possuem pode-se tentar
com o que tem e lutar para conquistar o que realmente precisa para um mínimo de
metodologia ativa, para se dar continuidade ao processo desta didática.
Não pode-se ver só as
impossibilidades que são muitas e que existe e atrapalha as mudanças, não
deve-se acomodar no modelo tradicional e fazer mínimos ajustes é necessário
mesmo que aos poucos mudanças profundas, aluno ativo e não passivo,
envolvimento profundo e não burocrático, professor orientador e não transmissor,
segue abaixo um exemplo de Morán:
“Ao tirar a divisão por disciplinas, orientamos todas as
competências necessárias através de projetos semestrais temáticos. O aluno
escolhe um problema real de sua comunidade ou região para trabalhar os temas
daquele período.” As aulas expositivas também foram abolidas. Agora, os alunos
estudam os conteúdos em casa, ou onde preferirem. São disponibilizados em uma
plataforma on-line vídeos, textos e um conjunto de atividades às quais os
estudantes devem se dedicar antes de ir para a aula. (MORÁN, 2015)
Os professorem podem começar
por organizar um projeto importante com os estudantes e irem envolvendo outras
disciplinas, que utilize de pesquisa, entrevistas, jogos, gincanas etc. Não
precisa romper o modelo tradicional da noite para o dia, a mudança ocorrerá ao
poucos e mesmo que os professores tenham medo, a mudança será inevitável a
demanda que se tem.
Um dos modelos mais interessantes de ensinar hoje é o de
concentrar no ambiente virtual o que é informação básica e deixar para a sala
de aula as atividades mais criativas e supervisionadas. É o que se chama de
aula invertida. A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais,
jogos, com a aula invertida é muito importante para que os alunos aprendam
fazendo (...) Podem inverter o modelo tradicional de aula, com os alunos
acessando os vídeos e materiais básicos antes, estudando-os, dando feedback para
os professores (com enquetes, pequenas avaliações rápidas, corrigidas
automaticamente). Com os resultados, os professores planejam quais são os
pontos mais importantes para trabalhar com todos ou só com alguns; que
atividades podem ser feitas em grupo, em ritmos diferentes e as que podem ser
feitas individualmente. (MORÁN, 2015)
Admite-se tentar fazer essas
inovações, afinal sabe-se que o estudante do século XXI está sempre conectado,
porque não então aproveitar para que em alguns momentos ele utilize o virtual
para aprender, aprofundar-se sobre algum assunto, não precisa ser uma cobrança
“violenta” por parte do professor, tem que ser algo que se cative aos poucos.
Outra questão será aqueles que não tem condição nenhuma de ter acesso a
internet fora da escola, poderia se fosse possível ter alguns horários vagos
dentro das salas de tecnologia para que ele possa ir fazer suas atividades, uma
vez por semana.
Segundo Morán (2015, p.25),
as boas escolas sempre se preocuparam em dialogar com o seu entorno, em fazer
visitas, atividades, projetos. O que as
tecnologias em rede nos permitem é não só trazer o bairro e a cidade, mas
também o mundo inteiro, em tempo real, com suas múltiplas ideias, pessoas e
acontecimentos numa troca intensa, rica e ininterrupta.
Por isso a educação não
necessita seguir um único modelo, deve se ter um currículo flexível, aberto a
mudanças e inovações sempre que se faça necessário e que haja a aprendizagem
dos estudantes, uma única forma de “ensinar”, dificulta, atrapalha a todos,
pelas vastas metodologias que existem, tem que desafiar o estudante e se
desafiar, com projetos e problemas reais que tenham significados
Na educação formal uns projetos pedagógicos dão mais
ênfase à aprendizagem colaborativa, enquanto outros à aprendizagem
individualizada. Ambos são importantes e precisam ser integrados para dar conta
da complexidade de aprender na nossa sociedade cada vez mais dinâmica e incerta
(...) Aprendemos com os demais e aprendemos sozinhos. (MORÁN, 2015)
Não há um único modelo a
seguir, nem um modelo melhor que o outro, há diferentes maneiras para se
aprender e a educação se destaca quando consegue unir diferentes formas que
culmina no conhecimento e participação de todos no processo de aprendizagem
Sozinhos vamos até um certo ponto; juntos, também. Essa
interconexão entre a aprendizagem pessoal e a colaborativa, num movimento
contínuo e ritmado, nos ajuda a avançar muito além do que o faríamos sozinhos
ou só em grupo. Os projetos pedagógicos inovadores conciliam, na organização
curricular, espaços, tempos e projetos que equilibram a comunicação pessoal e a
colaborativa, presencial e online. (MORÁN, 2015)
Já há um número
significativo de professores que estão vencendo o medo e inovando em suas práticas,
experimentando novas metodologias sem medo de errar, esse é o caminho tentar
inovar com novas propostas, misturando propostas tradicionais com as
contemporâneas, utilizando o ambiente virtual, utilizando materiais simples que
hoje são ignorados por muito (cartolinas, pincéis atômicos, flipchart, papel
manilha), tudo é válido para a aprendizagem, só não se pode fechar caixinhas
(disciplinas) e esquecer de todo o entorno social, político.
Mas para Morán (2015, p. 28)
ainda há a primordialidade de capacitar coordenadores, professores e alunos
para trabalhar mais com metodologias ativas, com currículos mais flexíveis, com
inversão de processos (primeiro, atividades online e, depois, atividades
em sala de aula). Precisa-se avançar muito ainda em relação aos objetivos
propostos.
É difícil ter a visão
estratégica de muitos gestores, pois é preciso planejar mudanças profundas e
isso envolve repensar a educação de uma forma integrada, mais flexível, menos
burocrática. A qualidade não pode ser só um discurso, mas um compromisso
efetivo de todos os setores das instituições 29
Compreende-se que, no
Brasil, tem inúmeras deficiências históricas, estruturais, mas os desafios
existem para serem superados e para isso algo precisa ser feito, revisto, há a
necessidade de se atualizar constantemente no ambiente ao qual se encontra e
para isso a mudança é fundamental, busca-se uma educação de qualidade, mas
antes de estudantes que de fato aprendem, conhecem o mundo a sua volta,
precisamos de professores capacitados, escolas remodeladas, sistemas flexíveis,
é um trabalho em grupo mas que nada impende que um possa começar a traçar
caminhos para que isso aconteça.
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